Na época, o Brasileirão Série B não era disputado por pontos corridos. Havia uma primeira fase, em turno único, onde todos os 20 clubes jogavam contra todos, e os oito melhores classificados avançavam para os quadrangulares semifinais. Após um começo muito negativo, o Grêmio se recuperou, e conseguiu ficar no quarto lugar, apenas três pontos na frente do nono colocado, o Vila Nova/GO.
Na fase decisiva, era tudo ou nada para o tricolor. O time de tantas histórias jogaria o seu futuro em apenas seis jogos. Antes da rodada final, o Grêmio era o líder, com nove pontos, seguido por Santa Cruz, com sete, Náutico, com seis, e Portuguesa, com cinco.
Os jogos eram Náutico x Grêmio e Santa Cruz x Portuguesa, ambos no Recife. Caso a Portuguesa batesse o Santa, a classificação era gremista, mas isto não ocorreu. A vitória do tricolor pernambucano colocava o time gaúcho na obrigação de empatar para conseguir o acesso, ou vencer para conquistar o título.
E os problemas começaram mesmo antes da partida. Os jogadores gremistas foram impedidos de entrar para o campo antes do jogo, e foram impossibilitar por policiais locais de fazer o aquecimento no local do jogo. Com 15 minutos de atraso, após o devido aquecimento, o jogo começou. O jogo era parelho, até que aos 34 minutos, o Náutico teve sua primeira grande chance. Domingos falhou, a bola sobrou para Paulo Matos, e o zagueiro gremista o derrubou na área, pênalti. Bruno Carvalho bateu forte, mas mandou na trave, para a alegria dos gremistas.
O jogo seguia com chances para os dois lados, mas o Náutico, ajudado pela torcida, era mais presente no campo de ataque. Aos 26 minutos da segunda etapa, Kuki errou um gol incrível, de dentro da área. Aos 30 minutos, Escalona colocou o braço esquerdo na bola e, como já tinha cartão amarelo, foi expulso por Djalma Beltrami.
Três minutos depois, Beltrami prejudicou o Náutico. Miltinho driblou Galatto, foi derrubado pelo goleiro, mas o árbitro não marcou o pênalti, e ainda deu cartão amarelo para o atacante.
No minuto seguinte, contudo, o time da casa recebeu a recompensa. Paulo Matos cruzou para a área, a bola bateu no cotovelo de Nunes, que estava junto ao corpo, mas Beltrami se intimidou pela pressão local e marcou a penalidade. Nervosos e inconformados, os jogadores do Grêmio partiram para cima do árbitro, dando empurrões e reclamando enfaticamente. A polícia acabou entrando em campo para proteger o árbitro, mas um dos policiais agrediu o lateral gremista Patrício. No final das contas, Nunes, Patrício e Domingos foram expulsos. Se mais um jogador do Grêmio levasse cartão vermelho, a partida seria encerrada.
Após 25 minutos de paralização, a cobrança seria feita. Um gol ali, para o Grêmio, poderia representar o fim da linha, pois talvez a equipe de Mano Menezes não tivesse força para empatar uma partida com apenas sete jogadores em campo. Ademar foi para a cobrança, mas brilhou a estrela de Galatto. O goleiro voou para sua esquerda, e defendeu com as pernas. A bola subindo foi o alívio para cada gremista que acompanhava o jogo.
Após o gol, o Náutico ainda foi com tudo para cima, mas não conseguiu o gol de empate. A vitória consagradora era do Grêmio, que estava de volta à elite do futebol brasileiro.
FICHA TÉCNICA
Náutico 0 x 1 Grêmio
Árbitro: Djalma Beltrami (RJ).
Local: Estádio dos Aflitos – Recife/PE
Data e horário: 26.11.2005 – 16h
Gols: 63min - 2º tempo - Ânderson
Cartões Amarelos: Bruno Carvalho (Náu), Tozo (Náu), Paulo Matos (Náu), Miltinho (Náu), Pereira (Grê), Lipatin (Grê)
Cartões vermelhos: Batata (Náu), Escalona (Grê), Nunes(Grê), Patrício(Grê), Domingos(Grê)
Náutico: Rodolpho; Bruno Carvalho (Miltinho), Tuca, Batata e Ademar; Tozo (Betinho), Cleisson, Davi (Romualdo) e Danilo; Kuki e Paulo Matos. Técnico: Roberto Cavalo.
Grêmio: Galatto; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona; Nunes, Sandro, Marcelo Costa e Marcel (Anderson); Lipatin (Marcelo Oliveira) e Ricardinho (Lucas). Técnico: Mano Menezes.
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